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Terceiro Evento Cultural Quilombola do QUIPEA promete reunir 1500 pessoas no Espírito Santo



Dias 5 e 6 de dezembro são de festa, resistência e trabalho para as 20 comunidades que compõem o QUIPEA e também para todos que apoiam a causa da resistência negra ao redor do país. O Terceiro Evento Cultural Quilombola do QUIPEA chega ao Espírito Santo nas comunidades de Boa Esperana e Cacimbinha. Com expectativa de público que chega a 1500 pessoas, a festa é uma maneira de encerrar o ano de 2015 expondo a força e organização das comunidades do QUIPEA e de reunir epresentantes do poder público e importantes lideranças da luta quilombola ao redor do país. O evento foi concebido através de um processo de três meses de diálogo e trabalho entre a Shell, equipe executora e o Departamento Cultural do projeto; que conta apenas com comunitários quilombolas em sua composição.


Educação Quilombola

O tema do evento é “Cultura e Educação Quilombola: identidade e empoderamento”. Nos últimos anos, o conceito de Educação Quilombola tem sido parte integrada e fundamental da luta das comunidades por autonomia e direitos. É através da educação pautada nestes valores que as novas gerações podem ter contato com diretrizes e saberes tradicionais dos quilombos. A educação quilombola está presente em alguns quilombos certificados ao redor do país, mas ainda sofre com a falta de informação e esclarecimento dos agentes públicos que se propõem a executa-la.


A educação Quilombola se define por um modo de ensino baseado o na ancestralidade, modos de produção e de vida sustentável, relação com a terra e com o sagrado, vivência e organização coletiva. É um conceito de educação libertador pautado na essência dos povos tradicionais e que visa a garantia de cidadania, direitos e reservação em espaços remanescentes de quilombo.

Educação do Campo x Educação Quilombola

Diferente da educação no campo, que também tem uma estreita ligação com valores da terra, a educação quilombola é voltada para a ancestralidade, tradição e construção de identidade. Até mesmo a merenda quilombola é particular: tem cardápio alimentar que prioriza a sustentabilidade e diversificação agrícola e deve corresponder a no mínimo 20% das necessidades nutricionais diárias de quem a consome. Neste modelo de formação, não somente o preparo para a vida profissional, mas o desenvolvimento de valores humanos e coletivos são ressaltados.


A educação quilombola é um conceito que passou a ser desenvolvido graças aos diálogos oriundos das garantias legais de direitos a povos e comunidades tradicionais pautadas prioritariamente na convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, que garante direitos fundamentais dos povos tradicionais. No Brasil, as diretrizes da educação quilombola são pautadas nos Decretos Federais 4887/2003 e o 626/2007, que impõem a garantia de direitos e a implementação de uma Agenda Social Quilombola que respeite as considerações de acesso a terra, infra-estrutura e qualidade de vida, inclusão produtiva, desenvolvimento local e cidadania. A presença deste tipo de educação nas escolas de quilombos certificados ainda precisa ser mais desenvolvida e a presença deste debate no Terceiro Evento Cultural do QUIPEA com a presença de lideranças e representantes do poder público promete fortalecer a urgência do desenvolvimento da pauta no dia a dia dos quilombos. Durante o evento, todos os 1500 participantes poderão conhecer melhor sobre os processos deste modelo de educação através das manifestações, rodas de conversa e linguagens culturais apresentadas no evento.


Cultura de Quilombo

O primeiro dia de Evento Cultural é exclusivo a relações e debates para participantes do projeto, comissão articuladora e departamento cultural, que poderão alinhar seus discursos e aproximarem-se da temática trabalhada. No domingo, dia 6, uma grande festa com manifestações culturais das 20 comunidades do QUIPEA acontece no território dos dois quilombos anfitriões.

Demonstrações de artesanato, trançaria e percussão vão aproximar o público dos saberes de atividades típicas da cultura quilombola numa atividade com aplicação prática para quem se aventurar a conhecer estas linguagens. Uma grande homenagem aos griôs, célebres figuras idosas que representam a sabedoria e conhecimento quilombola, vai reforçar a identidade e valorização dos tradicionais contadores de histórias nos quilombos. Discotecagem de diferentes estilos musicais com linguagem negra, debates, jongo e muita festa completam a composição do evento.

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